30 agosto, 2008

Soneto

Venho de longe, há muito tempo que caminho
Vim passo a passo numa longa distância,
Trago recordações longínquas da INFÂNCIA,
De momentos tão cheios de carinho.

Marcas profundas estão em meu coração,
Lembranças que são o meu TESOURO,
Memórias mais valiosas do que ouro,
Daqueles que amei e me deram a mão.

Recordarei os seus ensinamentos,
Reconhecer que a vida tem VALOR
Quando estão vivos nossos sentimentos,

Se a caminhada da vida trouxer dor...
Não vacilarmos em nenhum momento,
Pois nada é tão valioso como o AMOR.

A nogueira...

Como eu gostava de a ver
Ao chegar a Primavera,
Com sua nova folhagem
Transformava a sua imagem
Verdinha como uma era.

Sua sombra tão fresquinha
Ajudava a repousar
Abrigava os passarinhos
Que lá faziam seus ninhos
E nos davam seu cantar.

Quantas vezes ela viu
Eu ali a repousar,
Olhando à noite as estrelas...
Pensando como eram belas
Viu-me sorrir e sonhar.

Mas o seu tempo findou...
E teve que ser cortada
E penso que ela sofreu
Talvez tanto como eu
À primeira machadada.

Fica p`ra sempre em memória
Bons momentos que passei,
Na sua sombra dormi
E seus frutos eu comi
Isso jamais esquecerei.

Era uma vez...

Tive uma vez um periquito
Com penas azul-turquesa.
Sósinhito na gaiola
Devia sentir tristeza

Veio-me então à ideia
Trazer-lhe uma namorada
Que ao ver a beleza dele
Logo ficou encantada.

O seu nome era “ Branquinha”
Tal como era a sua cor,
Olhar as suas meiguices
Como era enternecedor!

Mas um dia aconteceu
Que ela deixou de voar...
E o meu periquito azul
Até deixou de cantar.

Ela ficava quietinha
Sem voar, sem se mexer
E o meu periquito azul
É que lhe dava comer.

Chegou o dia final...
Ela deixou de sofrer
E então o meu periquito,
Começou ele a morrer.

E passados pouco tempo!
De tristeza e solidão
Ao meu periquito azul...
Parou o seu coração

Debaixo da macieira
Eu fui os dois enterrar
Deixei-os muito juntinhos,
Como gostavam de estar.


Dedico estes versos a um casal de periquitos que tive e cuja história é mesmo como contei. Ele morreu alguns dias depois da fêmea, que esteve paralisada algumas semanas, sendo alimentada por ele que dormia no fundo da gaiola, em vez do poleiro para não a abandonar. Há animais mais amigos do que alguns seres que se dizem humanos.

Relexão

Não tenho o direito de pensar,
Que a minha vida está desmoronada,
Olho em meu redor e vendo bem
Comparando e pensando … meu mal é nada…

Quanto mal, quanta dor, quanta tristeza,
Por esse mundo fora e então pensei…
Não tenho o direito de chorar
Pois não conheço a verdadeira dor eu sei!

E agradeço a DEUS, as minhas filhas,
Que com saúde Ele mas entregou,
E peço-lhe perdão por me esquecer
De agradecer cada momento que passou.

E os pobres meu Deus… O seu Natal…
Será com fome do calor de uma mão?
Fome de tudo, de comer e de amor
Tristes, sozinhos em plena solidão.

E as crianças doentes? Meu Deus!
Ajuda-os e a seus pais dá-lhes coragem,
Que difícil, quanta dor que deve ser.
Faz essa dor de rápida passagem.

Nós vivemos num mundo onde impera
A injustiça, o ódio a violência
Não há amor e reina a indiferença
E já ninguém conhece a tolerância.

Perante toda a dor que envolve o homem
Não tenho o direito de me queixar
Peço a Deus que pelo menos continue
Protegendo minhas filhas sem me abandonar.

Não posso fazer nada pelo mundo
Mas peço a Deus de todo o coração
Que me escute e que dê a paz ao mundo
É o que peço em minha oração.

E quando eu rezar meu Deus, eu peço
Que minha prece seja dedicada
Aos pobres, aos velhinhos, às crianças
E a todos aqueles que não têm nada.

Em seu nome e em meu eu agradeço,
Não rezo muito…mas não é por mal,
Eu Te agradeço infinitamente
Traz paz e amor ao mundo neste Natal.

Natal/2005

ROSAS

As rosas vermelhas são
Simbolismo da paixão
Quando por ela assolados.

Ao recebê-las em mão
É dizer ao coração
Por alguém somos amados.

Mas porém as amarelas
Para mim são as mais belas
Simbolizam alegria.

Pois para além de singelas
Eu acho que são aquelas
Que têm a luz do dia.

As cor-de-rosa porém,
Eu acho-as lindas também
Ficam bem seja onde for.

São belas até p`ra quem
Quer mostrar à sua mãe
Que sente por ela amor.

Mas o branco desta flor
Pode ser p`ra mostrar dor
Por alguém que já partiu.

Mas significam AMOR
Seja com que idade for
A quem por ele se uniu

Por graça ou em Graça...

Por graça pus-me a pensar…
O que é ter graça afinal?
Se é a graça de ter graça,
Ou Graça de não ter mal.

Ser infeliz é desgraça,
E se a Graça se perder,
Temos que pedir a Graça
Da Graça voltar a ter.

Merecer a Graça é difícil
E nem toda a gente entende,
Que não se compra é de graça
Só se dá, nunca se vende.

Dá Graças por teres a Graça
Da Graça não te faltar,
Pois para viveres em Graça,
Não te esqueças de rezar.

Recordação de infância

Ao cair a noite no silêncio,
Eis que ela chega ... a Melancolia,
Que me faz recordar a minha infância,
Os anos que passaram, a distância,
Que me separa desses momentos de alegria.

Uma mistura de sentimentos me invade,
Como uma adolescente em labirinto
Sinto revolta, confusão e incertezas,
Num misto de alegrias e tristezas
Nem consigo definir aquilo que sinto.

Mesmo assim gostava de voltar
A viver alguns desses momentos,
E à infância eu queria regressar,
P `ra minha vida poder recomeçar
E reviver alguns encantamentos.

Mas a vida não nos permite errar,
É impossível voltar trás no tempo,
E nas encruzilhadas desta vida
Se for preciso voltamos à partida
Para poder aniquilar o sofrimento.


Abril / 2006

Habitante de estrelas

Mais um dia que passa e chego a casa...
Cai a noite, o céu escureceu,
Olho p`ró firmamento e reparo...
Que uma estrelinha já apareceu.

E pouco a pouco no céu vão aparecendo,
Iluminam com luz a noite calma,
Olho-as a cintilar e de repente...
Uma dúvida invade a minha alma!

Como serão aqueles pontinhos brilhantes?
Será que n`algum deles existe vida?
Gostava de saber se ao partirmos
É lá que nossa alma tem guarida...

È que houve alguém que um dia me disse,
Que aquelas estrelas com um brilho profundo,
São habitadas por seres evoluídos
Mas que também já partilharam este mundo.

E esse alguém então, também me disse,
Que este mundo é só de privações...
É nele que pagamos nossas dívidas
E que purificamos nossos corações.

Espero estar a fazer o que é preciso,
Para meu coração purificar,
Pois eu também queria ir um dia
P`ra uma estrelinha destas habitar.

Leiria, 20 de Abril de 2005

Entre o verde e o desespero

Já uma vez ouvi dizer a alguém,
Que vivíamos num jardim à beira mar plantado,
De colinas verdejantes e aldeias branquinhas,
O único que tem “ a saudade e o fado”.

Este pobre jardim aos poucos vai secando,
Pois a ambição do homem por vezes desmedida,
Esquece que esse jardim é vivo e que nos dá
O ar que respiramos, e que é a própria vida.

A natureza é todos os dias agredida,
P`la mão do homem que não tem sentimento.
E pouco a pouco o verde das florestas,
Vai passando à tristeza do cinzento.

O Cimento avança, da noite para o dia,
O pouco que nos resta de verde é desprezado.
E então este país que outrora foi jardim,
p`rás Gerações vindouras será triste legado.

Pouco a pouco o verde está desaparecendo,
O pouco Que nos resta, p`lo fogo é devorado.
De jardim verdejante passamos a deserto,
Pela calamidade não há nenhum culpado.

Se os nossos governantes p`la causa indiferentes,
Não punirem o mal com justiça pesada.
Quando enfim acordarem e virem o “ Jardim”,
Verão que já é tarde e que não resta nada.


Agosto/2005

Palavras de alento a uma mãe

Porque é que a vida tem que ser de sofrimento?
Alguém me disse que é preciso indulgência...
Que esta passagem neste mundo, não é uma corrida,
É uma marcha para alguns muito sofrida
É uma prova à nossa resistência.

Todos têm uma cruz p`ra carregar,
A minha é pesada, mas a tua também,
Atravessamos passagens de tormento...
Imagino como é teu sofrimento
Pois está ferindo teu coração de MÃE.

Mas... MINHA AMIGA...não percas a esperança,
O ELO MÃE E FILHO é muito forte,
Amor de mãe derruba qualquer muro,
O filho de hoje será PAI no futuro,
E esta corrente não quebra nem com a morte.

Nesse momento ele vai reconhecer,
Que é difícil ser filho, mas o ser pai também,
E ter-te a TI é uma das suas riquezas
É ter um ombro p`ra chorar suas tristezas...
E vai agradecer seres SUA MÃE...

Todas as mães são iguais com suas crias...
E para elas nós vamos sempre olhar...
Como crianças a quem queremos dar carinho,
Não podemos tê-las p`ra sempre em nosso ninho,
Fiquemos gratas por terem asas p`ra voar.

Quando chegar a altura de eles fazerem,
Seu próprio ninho... eles irão regressar,
Vão precisar do nosso conselho amigo...
Pois serão pais e terão medo do perigo
Que é ensinar seus filhos a voar....


Este poema foi feito para dedicar a uma MÃE…

Peregrinos

Seguem p`la estrada
Em caminhada,
Vêm de longe
Com muita fé,
Centenas de kilómetros a pé,
Com frio ou com sol,
Sempre caminham.
Uma vara ampara
O seu cansaço!
Parece-lhes não ser capaz,
De mais um passo...
Mas a meta
Está para além daquela recta...
E há quem venha todos os anos,
Agradecer à Mãe de Deus,
Sua saúde e a dos seus,
Com os pés feridos
O corpo morto,
Mas ao chegar,
Aquele conforto...
Da paz que ali nós respiramos,
É um lugar para orarmos,
Pedir perdão, agradecer,
Do dia a dia poder viver,
Com Paz e Amor no coração,
E assim se faz uma oração.



13 de Outubro/2006

Aos meus sobrinhos

Os meus Sobrinhos

Não quero deixar ficar, em branco
Esta folha à qual eu dei o destino,
De ser escrita com imensa alegria
P `rãs crianças que me têm como tia,
E por quem tenho um ENORME carinho,

A ti JOANA, o que a tia quer dizer,
É que desejo que a vida te possa dar
Felicidade, alegria e muita Paz,
Que são os sentimentos que só o Amor trás
E que em tudo tu saibas TRIUNFAR.

A ti JOÂO, como ainda és pequenino
De vez em quando não te esqueças de vir ler,
Esta página que escrevo com alegria
P `ra te lembrares desta que é a tua tia
E que deseja que um bom HOMEM, saibas ser.

A ambos com ternura eu desejo,
O melhor que a vida tem p`ra dar
Muita saúde, muito Amor e alegria
E que em velhinhos ao falar em desta tia,
Com ternura me possam recordar.

Indiferença

Certa vez ia a passar
Numa cidade distante
Quando vi no chão prostrado,
Ali jazia deitado
Um homem de certa idade.

Indiferente p`ra quem passa,
O seu olhar apagado,
Ele ia esticando a mão
Todos diziam que não
E nada lhe era deixado.

O que será que pedia?
Algo para se aquecer
O dia estava acabando
Ela estava tiritando
Com frio estava tremer.

A noite chegou por fim,
A rua ficou deserta,
P`la sociedade esquecido
Soltou um leve gemido
Esperando uma porta aberta.

Chegou o amanhecer,
Já não se ouviam seus ais,
Um velhinho ali passou
E por auxílio chamou,
Mas era tarde demais.

Fevereiro/2006

Recordações de sonho

Olho para o relógio... as horas passam,
O dia de trabalho está quase a terminar,
E sabe bem a casa regressar.
A casa cheia...crianças a falar...
Todas ao mesmo tempo querem contar,
Como passou o dia,
Com alegria, com brincadeiras.
E cada dia novo é uma aventura.
Recebo abraços tão cheios de ternura,
Que felicidade!
Que casa alegre!
Aqui há vida!
Todos os dias a mesma lida,
Mas eu não sinto nenhum cansaço,
No vai e vem, desembaraço...
A vida corre à minha volta.
Há alegria AMOR à solta,
Meu coração está completo,
Como recebo e dou afecto.
Sento-me um pouco,
Sinto o calor de um abraço.
E então sinto que de repente
Estou a chorar de felicidade,
E passo a mão pelo meu rosto...
Num sobressalto...
Tenho a certeza
As minhas lágrimas são de tristeza...
Pois acabara de acordar
E afinal… estava a sonhar

Mas tudo isto eu já vivi!
Tudo está no meu coração,
No cofre onde eu guardo os tesouros,
Que agora são RECORDAÇÃO

27 agosto, 2008

Carta para o céu

Foi há muito... muito tempo,
Mas eu recordo como se fosse agora,
Teu rosto de lágrimas molhado,
Reflexo do coração amargurado
Pela dureza da vida de outrora.

Eu via-te chorar e não sabia,
Tu tinhas medo e falta de carinhos,
Numa vida de trabalho amargurada
E a tua voz sempre silenciada,
Na tua estrada de pedras e de espinhos.

Hoje como mulher eu compreendo,
Teu sofrimento de mãe e de mulher,
Em tua alma e teu corpo tu sofreste
E em silêncio a violência suportaste,
Até a morte p`ra chegar te fez sofrer.

Hoje tenho a certeza estás rodeada
De LUZ, de PAZ e por nós estás a olhar,
Ajuda-nos quando puderes por favor
Fá-lo-ás eu sei, pois teu AMOR,
Mesmo com a morte não pôde acabar.

Estrada de espinhos

Em seu saber popular dizia o povo,
Que para qualquer ferida sarar,
Seja do corpo ou coração em sofrimento,
Nada melhor do que o passar do tempo,
Para o sofrimento abrandar.

Mas o meu sofrimento não abranda,
Com o passar do tempo é mais forte,
Eu não consigo apagar do pensamento,
Que só abrandará meu sofrimento,
No dia em que eu conhecer a morte.

Não posso e não quero assim pensar,
Pois vencerei os obstáculos, ainda que ferida,
Não quero afundar ou deixar-me abater,
Porque não quero minhas filhas a sofrer
Porque eu as amo mais do que a própria vida.

Peço perdão e ajuda para quebrar
As pedras que eu encontro em minha estrada,
E os espinhos que rasgam o meu ser,
Fazem-me pensar, reconhecer...
Como difícil é nossa caminhada.

P`ra onde me leva esta estrada...
Porquê este viver em solidão...
O que fiz para isto merecer,
Amei e amarei até morrer,
Pois o amor alimenta o coração.

Que mundo?

Tornados de ideias que me assolam,
Tempestades que me deixam de alma ferida,
Tento falar! Ninguém me ouve e então grito...
No reboliço da vida, vivemos num mundo aflito,
Esquecemos de viver, estamos numa corrida.

Somos os concorrentes de uma maratona,
E é uma corrida à beira de um abismo,
Vencer a todo o custo é o principal,
Cada um por si, seja para o bem ou para o mal...
Para ganharmos a taça do egoísmo.

A justiça, a amizade e o amor
São valores que já pertencem ao passado,
Mais facilmente o pobre estica a mão,
Se vacilares ou mesmo caíres no chão,
Nunca contes com quem é mais abonado.

Donos do mundo, ricos de bens materiais,
Pobres de espírito e sentimento,
Ignoram os que vivem na pobreza,
Que se contentam com a paz como riqueza,
Gente que não existe e cai no esquecimento.

Neste mundo de injustiça e crueldade,
Reino dos poderosos e da maldade,
Nunca esqueçamos o que nos disse DEUS,
São bem aventurados os que sofrem,
Pois deles será o REINO dos CÉUS.

sem título

As ondas da tristeza me invadiram,
No mar do silêncio eu mergulho,
Mesmo que nele me esteja a afogar,
Não vais ver os meus olhos a chorar,
Pois ainda não perdi o meu orgulho.

E nesta tempestade em que me encontro,
Ando à deriva mas hei-de achar um cais,
Na escuridão vou procurando o Sol,
Que ilumine o meu caminho, qual farol,
E que o encontres na estrada p´ra onde vais.

P`ra onde vais?
O que é que eu fiz de mal?
Dei o melhor de mim, da minha vida,
Nem sei porquê... ambos ficamos sós!
Diz-me porquê? Já não gostas de nós?
Fui mal amada e nunca compreendida.

Chegou o FIM,
Não te vires p`ra trás...
É para outra casa que tu vais caminhar,
E se algum dia te vieres a arrepender,
Que te amei de verdade, tu ficas a saber,
Mas não quero que me vejas a chorar.

Se voltares?
Não sei o que farei,
Pois não tenciono outro homem conhecer,
Já não me queres, se não me amas então vai...
Mas não te esqueças que nossas filhas têm PAI,
Porque eu também nunca irei esquecer.

Porque choro?

Abro os olhos!
Onde estou, com quem estou?
Vou à janela… e olho o céu.
Onde estou?
Falo, ninguém responde.
Grito, ninguém reclama.
Choro, ninguém me consola.
Porquê?
O que é que eu fiz?
Vou à janela e olho para o céu, que chora…
Rolam pelo vidro as gotas de água,
Uma a uma desce pelo vidro gelado.
E o meu rosto molhado,
De quê?
Rolam pela minha face as lágrimas.
Que se confundem com as gotas de chuva.
Ambas rolam pelo vidro.
Ninguém presta atenção…
E o meu pobre coração vai sofrendo
Choro!
Olho para o céu!
Cinzento, salpicado de pontinhos pretos.
São andorinhas de partida,
Como tu.
Mas elas…. Elas voltam!
Para o ano.
Enquanto eu ando num engano.
Tu voltas?
É para quando o teu regresso?
Só isso eu peço,
Para abrandar a dor… o teu amor.

A rodeira abandonada

Num jardim há muito abandonado,
Fora plantada num tempo já distante,
Resistia à secura, ao vento, ao sol
E persistia num florir constante.

Esta roseira que dava lindas rosas,
De um avermelhado cor de lume,
Exalavam para quem ali passava
Um agradável e delicado perfume.

Um dia porém, num vendaval,
Uma rajada de vento a arrancou,
E em plena agonia desfolhada,
Uma única rosa ali ficou.

Retirei-a do meio dos destroços,
De um muro que entretanto desabara,
Ao apanhá-la num gesto de ternura
Reparei que entretanto ela murchara.

Trouxe-a comigo, coloquei-a num vaso,
E o desejo que entretanto se arreigou
À minha esperança de não a ver morrer,
E por milagre a rosa não murchou.

Melancolia

Quando o sol se deita e nasce a lua,
É nessa altura que o meu coração
É invadido pela melancolia.
Onde estás minha alegria?
Manda notícias para eu te poder encontrar,
Para eu deixar de chorar.

As noites são passadas
Acompanhadas pela tristeza e solidão.
Afinal não estou sozinha…
Tenho-as por companhia, não as vejo,
Vagueiam como fantasmas da escuridão,
Vagueiam como eu, por entre a imensidão da noite.

As sombras invadem o meu mundo,
Pasmo com o ruído do silêncio.
Quando as alvas se aproximam do meu leito,
Entram por entre as frestas, atingindo o meu olhar.
Vêm secá-lo. A noite fez os meus olhos falarem.
Brotaram lágrimas que o sol vem secar.